sexta-feira, 26 de outubro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Um bonde perdido e um rio morto

Como se descesse do bonde muito antes do destino.
Não.
Como se de repente caísse do bonde em movimento.
Não.
Como se perdesse o último bonde que o levaria de volta pra casa.
Ainda não é isso.
Como se perdesse o último bonde que o levaria pra qualquer lugar.
Foi essa a sensação.
Perder a última chance de mudar. Um medo, uma angústia, um desespero. Nem mesmo um pensamento de morte poderia lhe causar tanta dor.
Depois disso nada mais importa.

Construiu uma outra imagem: um barco pequeno que alguém atira num rio de vigorosa correnteza mas quando toca a água o rio seca. A fluência é algo raro em algumas vidas. Não somente, a consciência também. Duas raridades ansiadas. Coisas escassas que surgem na rota da vida e que geram a questão: esse sou eu? Coisas escassas que surgem na rota da vida e que desaparecem tão rapidamente quanto surgiram e nos deixam prostrados como uma criança esquecida e confusa. Na maior parte do tempo.

O problema do bonde é que ele nunca para. Deve-se correr pra alcançá-lo ou deixá-lo ainda em movimento. O problema do rio é que não existe correnteza acima. Existe?